
Ao final da entrevista fui conhecer aquela mulher. Não era feia esteticamente, embora tivesse os olhos sem brilho, ofuscados pelas agruras da vida. Ao me despedir, ela me olhou e perguntou: posso te pedir mais uma coisa? Talvez você não possa me dar.
Será que ela queria minha bolsa, roupa, dinheiro? Na dúvida, respondi sim.
Ela me pediu um abraço.
Antes de ir trabalhar eu havia lavado o cabelo, tomado banho com um sabonete líquido cheiroso, passado creme no corpo, usado um perfume que amo. E aquela mulher que há dias não tomava banho me pedindo um abraço?
Eu fiz o que tinha que ser feito. Seu cheiro não era dos melhores, mas eu não podia negar esse pedido. Abri os braços e primeiro deixei ela me abraçar, depois meus braços a envolveram e a abracei também. Depois do abraço, ela enxugou uma lágrima, mas já tinha outro brilho no olhar e me disse. É que gosto de dar abraço e faz tanto tempo que não ganho um. Obrigada por me abraçar.
Meu coração se derreteu naquele momento e comecei a chorar. Com tanta dificuldade, dormindo na rua, aquela mulher poderia me pedir qualquer coisa, mas me pediu um abraço.
Agradeço a Deus por ter um trabalho que amo, por fazer o que sempre quis fazer e por ter a oportunidade de encontrar pessoas que ainda vê que os bens mais valorosos que temos não podem ser comprados, como um abraço por exemplo. Esse abraço não fez bem só a ela, fez a mim também...
*Elliana Garcia
Eu que agradeço a Deus por encontrar um texto belissimo como esse. Lindo e tocante.
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