segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O Caminho do Amor

Eu rasguei todas as provas e lembranças do meu passado sombrio e entristecido pelos amores incertos, pelos casos mal conjugados e situações infelizes; eu joguei no lixo todos os devaneios e desilusões em grandes sacos, mas dentre eles, estava um único amor, o mais real, o mais sincero, o mais puro, e também o mais inflamado e dolorido, porém, não morto.

Esse amor, apesar de obrigado a sair de cena, reapareceu em outro papel, em outro momento da história; não senti o tempo passar, não me dei conta quantos degraus subi, não percebi os riscos que enfrentei, nem mesmo os amores que surgiram anos depois... Não, eu não me dei conta de que vieram alegrias, dores, derrotas, infelicidades e até uma grande desilusão comigo mesma, porém, superada.


Não vi e nem percebi as feridas abertas, nem mesmo as que vieram depois, esqueci os erros, os acertos, as perdas; não vi o tempo passar, não entendi que crescia e amadurecia, apenas me lancei rumo aos desafios e vivi, de alguma maneira, os dias, os meses e os anos; eles me tragaram e o tempo passou. Passou tão rápido que deu voltas em mim.


Mas esse amor esteve o tempo inteiro comigo; ele venceu os obstáculos, ultrapassou as barreiras impostas e criadas pela vida, quebrou as vidraças e, um dia, ressurgiu das cinzas, do pó, do que parecia improvável, mas ressurgiu.

E ressurgiu com a força de um vendaval, que chega sem esperar e leva tudo à sua frente, sem que se possa fazer algo, sem que se possa impedir; sim, voltou certo de que, desta vez, nunca mais sairá de perto, mesmo que observe tudo acontecer de longe, distante, mas ele sabe que não tem como tirá-lo mais de dentro do coração, da alma...

É um amor tatuado que não esconde as marcas, apenas escancara os traços; um amor que seleciona os gostos, que sente os cheiros, que arde em dores; um amor que não tem espaço para ficar, mas ainda tem o seu lugar; os seus cômodos ainda o descrevem na memória, mesmo que em lágrimas de saudades, de desejo, de anseio, de esperança; ele está vivo em cada canto deste lugar, em cada pedaço, atrás de uma porta, num piso antigo, numa mureta inexistente, e também em cada abraço.


Ele ainda é real nos pensamentos, no fechar dos olhos, no vento fraco de uma noite quente, no frio assombroso de uma noite de inverno, no calor extremo de uma noite de lua cheia e nas ondas que quebram numa praia qualquer. Mesmo assim, ele nunca teve um lugar certo, pois quase sempre era incerto.


Apesar de tudo, ele nunca desfaleceu, e hoje dá lugar à esperança, que fala e dá o recado: ‘suporte, aguente firme, porque um dia serás recompensado e poderás viver com a mesma intensidade, o mesmo desejo, a mesma alegria de outrora, a mesma veracidade, com a mesma velocidade, com os mesmos propósitos.’


Enquanto espera o seu dia chegar, esse amor renuncia a si próprio, mesmo que esse dia nunca chegue, mas ele espera, porque tem em mente: ‘sim, ele chegará!’ Um amor assim não pode morrer ao meio, partido, derrotado, porque apesar dos desencontros, já não tem mais medo de errar, pois sabe bem que, enfim, acertou e, pelo resto da vida, só terá espaço para amar.

*Sininho

(* Esse texto é de uma amiga que não quer se identificar...daí o apelido...Sininho)

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