quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Celso Freitas

Nos Bastidores da Notícia

(Entrevista que fiz com o jornalista Celso Freitas)

Por Elliana Garcia / Foto: Demetrio Koch

Dono de uma voz inconfundível, o jornalista Celso Freitas, de 58 anos, começou a carreira por acaso, aos 16, quando um tio elogiou sua voz e o convidou para fazer um teste em uma emissora de rádio no interior de Santa Catarina. Depois de uma longa e bem-sucedida carreira, ele estava pensando em se aposentar da tevê quando surgiu o convite da Rede Record para que ele apresentasse o “Domingo Espetacular”. O sim, deu uma nova guinada na carreira do apresentador que além de comandar o “Jornal da Record”, também apresenta o programa de entrevistas, “Bastidores da Notícia,” na Record News.

Seu desejo inicial era ser jornalista?

Não. Meus pais queriam que eu me tornasse dentista, médico ou advogado. Particularmente, eu sonhava em ser piloto de avião ou engenheiro eletrônico, que sempre me fascinou. Um tio me convidou para fazer um teste em uma rádio em Criciúma, Santa Catarina. Passei, mas não era uma expectativa para o futuro. Com o tempo fui me envolvendo com o rádio, com a comunicação e decidi seguir essa profissão.

Como foi para a tevê?

A minha primeira experiência na tevê foi como editor e apresentador de um boletim econômico em Joinville. Foi por pouco tempo, enquanto esperava o serviço militar. Eu fiz questão de prestar o serviço militar numa tentativa de ir para São Paulo ou Rio de Janeiro, onde as chances de seguir carreira seriam maiores. Mas, acabei indo para Brasília. Os catarinenses eram requisitados para compor a Polícia Especial do Exército. Prestei o serviço militar pela metade, pois fui beneficiado para exercer as atividades de comunicação dentro do batalhão, narrando as atividades esportivas, cívicas e logo tive uma oportunidade e um emprego na Rádio Nacional. Daí surgiu a oportunidade na televisão. Comecei a apresentar O Jornal Nacional quando o Médici (1969-1974) era o presidente do Brasil.

Você começou a trabalhar em comunicação na época da ditadura militar. Como foi esse período?

Na verdade, nós sofríamos uma serie de restrições, principalmente na comunicação. Não havia uma liberdade de expressão, havia limitações impostas pelo regime. A grande maioria dos profissionais atendia às exigências, pois quem dava às concessões era o Governo, que chegou a cassar quem não seguiu as regras estabelecidas.

Depois de 32 anos na Globo, como encarou o convite para ir para a Rede Record?

Eu já havia feito os programas de maior audiência da tevê brasileira. Apresentei o Jornal Nacional, Fantástico, Globo Repórter, Você Decide e já havia demonstrado a minha competência e capacidade. Estava pensando em me aposentar quando recebi o convite para fazer o Domingo Espetacular. A proposta, de um jornalismo de boa qualidade, me convenceu.

E como você vê o jornalismo da Record?

Até bem pouco tempo existia uma consciência que se acontecesse um fato extraordinário, seja queda de avião, prédio, morte de celebridade, ligaria num determinado canal para ver essa informação. Hoje, quando algo acontece, as pessoas sintonizam imediatamente na Record, pois ela dedica mais tempo e maior empenho à cobertura desses fatos.

Você apresenta o Jornal da Record desde 2006 e a credibilidade que o programa alcançou ao longo desse tempo se deve a que, na sua concepção?

Inovamos na linguagem do jornalismo. Hoje, não precisamos ser tão sisudos. Também temos a preocupação de comentar a notícia agregando mais à informação que o repórter traz, fazendo isso de uma forma que respeita as opiniões diversas do telespectador. A grande vantagem da Record é esse investimento sério que ela vem fazendo na qualidade do jornalismo. Hoje, temos correspondentes em todos os continentes; renomados profissionais que vão em busca das melhores notícias e furos de reportagens.

Durante o telejornal, o que você faz enquanto as matérias estão sendo exibidas?

Televisão é um trabalho de equipe. E eu tenho a consciência de que o trabalho do motorista, do produtor, todos eles são responsáveis pela linha de montagem. Eu sou o entregador dessa informação. Não posso negligenciar o jeito de apresentar essa informação; o peso, a relevância que tem cada palavra, cada assunto. Eu tenho a consciência que o cinegrafista, o repórter passaram por alguma situação de risco para conseguir a melhor imagem e informação para mostrar para o telespectador. Eu fico assistindo essas matérias assim como o pessoal de casa. Eu sou o primeiro consumidor da notícia. E eu só sei te contar com convicção, com veemência um fato, se eu tiver ciente dele. Quando a pessoa é testemunha de um fato, ela tem maior propriedade para falar. A atenção, o respeito de ser preciso no valor da informação a gente tem desde que chega na redação. E assistir o que está sendo exibido, pelo menos para mim, faz parte disso, faz parte desse respeito que tenho com meus colegas.

Na tevê você aparece sério até por conta do trabalho. Como você é fora da televisão?

Procuro levar uma vida normal. Sou um pouco tímido, recatado.

Mas qual é a reação das pessoas ao te verem pessoalmente?

Sempre procuro reagir da melhor forma. As pessoas adquirem um grau de familiaridade pelo fato de você habitar na televisão, como se eu fosse um primo, um parente próximo, que chega, dá tapinhas nas costas. As pessoas são desconhecidas para nós, mas a nossa reação tem que ser igual a deles, de reconhecimento, afinal, você faz parte da vida deles.

O que o jornalismo representa na sua vida?

Está no sangue, faz parte da minha composição física, pois aprendi com o tempo a vibrar, a me emocionar com as notícias do dia a dia.

Já se emocionou no ar?

Já tive que engolir seco, de segurar a emoção em algumas notícias.

O que te deixa emocionado?

Eu não gosto de tortura psicológica e quando vejo pessoas sofrendo trauma por insegurança, falta de cidadania, dramas de polícia que saiu atirando e matou inocentes, por exemplo, eu fico emocionado. Eu prezo muito pela tranquilidade e o bom estado emocional das pessoas.

Que conselho você deixa para quem quer ser jornalista?

Como qualquer outra profissão, tem que se atualizar, ter empenho. A gente não tem feriado, não tem folga. Às vezes está de folga, mas surge um imprevisto e tem que ir trabalhar. Então, tem que gostar mesmo de jornalismo. Particularmente, gosto do contato e do entusiasmo de quem está começando, pois o que a gente acha que é banal no dia a dia, para o iniciante é espetacular, extraordinário e isso contagia. E a transferência de conhecimento é gratificante para o profissional.


Matéria Publicada no Arca Universal
http://www.arcauniversal.com/entrevistas/noticias/celso-freitas-2687.html

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Cora Coralina

"O que vale na vida não é o ponto de partida, e sim a caminhada.

Caminhando e semeando, no fim terás o que colher."

(Cora Coralina)