quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Pé Descalço



Na quinta-feira pela manhã, enquanto eu andava pelo centro de São Paulo, para buscar livros em um sebo, percebi uma idosa de uns 65 anos, caminhando apenas com um pé de uma sandália.

O que havia acontecido para aquela mulher estar andando pelo centro da cidade, debaixo de chuva com um dos pés descalços.

Cheguei perto dela e notei que seus olhos estavam marejados. Ela parecia invísivel no meio da multidão. Perguntei o que havia acontecido. Ela me contou que fora pagar uma conta para a filha e que no meio do caminho a sandália tinha quebrado. E ela já estava andando há mais de um quilômetro assim: descalça. Depois de me dizer isso, ela desabou a chorar. Disse-me também que estava sem dinheiro e que estava morrendo de vergonha de estar andando pela cidade apenas com o pé de uma sandália.

Pedi que ela parasse de chorar e que fosse comigo até uma loja onde eu lhe compraria um sapato.

Foi aí que ela chorou mais ainda. Perguntei por que ela estava chorando daquela forma? Ela não iria mais andar descalça. E ao ouvir a sua resposta fui eu que quase desabei.

“ Enquanto eu estava andando, morrendo de vergonha por estar descalça, pedi a Deus que enviasse um anjo que me socorresse. E ele me enviou você”.

Mais tarde, refleti sobre isso. Imagine estar andando na rua e de repente ficar sem um pé do sapato e pior,  longe de casa e sem ter como comprar outro. Como você se sentiria?

Sei que é um gesto simples, mas, um sapato, era tudo que ela precisava naquele momento. O sapato era o seu milagre.


Se ela se sentiu feliz com esse gesto, imagina eu? Portanto, só posso dizer...Obrigada meu Deus, por ter me usado  para ser um anjo na vida dessa mulher.



* Elliana Garcia

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Desejo

"Que comece agora. E que seja permanente essa vontade de ir além daquilo que me espera. E que eu espero também.
Que eu saiba puxar lá do fundo do baú, o jeito de sorrir pros nãos da vida.
Que as perdas sejam medidas em milímetros e que todo ganho não possa ser medido por fita métrica nem contado em reais.
Que minha bolsa esteja cheia de papéis coloridos e desenhados à giz de cera pelo anjo que mora comigo. Que as relações criadas sejam honestamente mantidas e seladas com abraços longos.
Que eu possa também abrir espaço pra cultivar a todo instante as sementes do bem e da felicidade de quem não importa quem seja ou do mal que tenha feito para mim.
Que a vida me ensine a amar cada vez mais, de um jeito mais leve.
Que o respeito comigo mesma seja sempre obedecido com a paz de quem está se encontrando e se conhecendo com um coração maior. Um encontro com a vontade de paz e o desejo de viver."

(Desconheço a autoria)